22 de março de 2011

2. Caminho percorrido 2006 a 2010




Depois de todo um processo iniciado no final de 2006, tempo de luta e empenho, desejamos parar e peneirar; voltar nosso olhar novamente para a realidade juvenil e escutar novamente os clamores do Senhor.

Foi esse olhar atento e a comunhão com tantos jovens e parceiros que nos fez traçar metas e nos converter no jeito de fazer e agir. Em cima dos quatro eixos avaliados abaixo nos movimentamos em direção de uma realidade juvenil e construímos um sonho, um projeto.



I) Eixo de formação



Com o amadurecimento dos encontros, CDL, EI, EDA e EFAE em nível diocesano, conseguimos estabelecer uma linha de formação.

A consciência do trabalho integral das cinco dimensões da formação cresceu. Conseguimos avançar um pouco na formação humana afetiva, tão deficitária. Ainda faltam-nos mais pessoas capacitadas.

Criamos a equipe de encontro que se baseia no treinamento de novas lideranças ao preparar os monitores e os encontros.

Novas lideranças foram surgindo. Depois de um início com muitas dificuldades e poucos agentes, conseguimos acertar uma metodologia que nos ajudasse a abrir espaço para uma Igreja Jovem. Com grande esforço conseguimos localizar e captar lideranças.

As foranias começaram cada vez mais a serem espaço de formação. Em algumas delas vai se constituindo também encontros de formação.

Nas paróquias e grupos, a metodologia usada proporciona o surgimento de novos coordenadores já iniciados na dinâmica da PJ. Encontros paroquiais articulados pelos grupos também estão proporcionando momentos formativos.

Um grande passo foi a participação de nossos jovens e assessores em encontros do Regional Leste 2. Isso serviu para fortalecermos os nossos passos e ganhar mais força em nosso jeito de trabalhar.

Conseguimos que nossos grupos utilizassem melhor os recursos disponíveis para a formação. A Bíblia está bem no centro da formação, dinamizada de maneira jovem. Outros tipos de material foram divulgados e adquiridos: Ofício Divino da Juventude, na Trilha dos Grupos de jovens, Dinâmicas para a vida em grupos (Tardes de formação)... Também a utilização da internet como meio de procura de material e formação cresceu. Quase não se houve mais aquela velha fala: “não temos materiais”.

Utilizamos ainda no Documento da CNBB (evangelização da juventude) como pano de fundo de nossa formação e atividades.

Também foram revalorizadas as atividades permanentes da PJ como momentos importantes da formação. Assim como as temáticas da Campanha da Fraternidade. Assim mesmo, precisamos avançar ainda mais na distribuição e estudo dos materiais produzidos.

Por fim, além do trabalho na formação de coordenadores jovens, crescemos muito em relação à formação de assessores. O número cresceu. Em algumas paróquias aconteceu um despertar e valorização desses agentes.



II) Eixo de ação



Ação é o que não falta a nossa juventude. Ela se caracteriza de maneira imediata na preparação e realização de eventos: encontros, viagens, shows, liturgia. Ainda precisamos avançar no campo social e missionário. Mas percebemos em algumas paróquias atividades nesse sentido: visitas a entidades assistenciais, campanhas para arrecadação de donativos, visita a câmara de vereadores, etc.

Conseguimos algumas mobilizações em torno da semana da cidadania. Em algumas paróquias foram realizadas marchas e mobilizações diversas. Nesses momentos e em outros aconteceram atividades também relacionadas a Campanha Nacional Contra Violência e Extermínio de Jovens. Ainda precisamos nos organizar para uma mobilização mais efetiva dessa campanha. Estamos ao poucos concluindo que uma grande via de ação concreta em nossa realidade será o empenho para que nas cidades de nossa diocese o Conselho Municipal de Juventude esteja estruturado e acompanhado.

A realização do 1º JOIDI (Jogos Olímpicos da Integração Diocesana) foi um grande passo. Fortaleceu a integração, nos fez realizar parcerias e valorizar a dimensão do lazer.

A preparação do DNJ e sua realização constituem o grande centro de nossas atividades. Acertamos a opção metodológica para a escolha da sede, preparação e realização do mesmo.

Ponto fundamental dessa avaliação é o fato de termos conseguido lidar com a grande rotatividade dos membros. O que era um problema complicado em 2007, passou a ser visto com mais naturalidade. Não que estamos segurando o jovem no grupo. Ele continua vindo e indo. Mas agora acertamos a metodologia para lidar com isso. Um despertar constante garante o processo.

Nesse ponto, uma das questões ainda não totalmente resolvidas é o financeiro. Aprendemos a lidar com isso e vamos dando um jeitinho. As taxas dos encontros têm nos ajudado através do que sobra da realização dos encontros.



III) Eixo de espiritualidade



Nesse ponto, a realização E.F.A.E. (Encontro de Formação Afetivo Espiritual) tem se constituído o grande centro de formação e vivência diocesana de nossos jovens.

Avançamos na divulgação e utilização do Ofício Divino da Juventude.

A Bíblia e sua leitura orante começam a ganhar linguagem em nossos encontros e eventos.

Buscamos garantir que pelo menos em todos os eventos a celebração da Missa acontecesse. Em alguns encontros, como no E.I., procuramos vivenciar de forma mais dinâmica e participativa a missa catequética. Muitos grupos estão envolvidos, pelo menos uma vez por mês, na equipe de liturgia.

Sentimos ainda a falta de momentos mais fortes de espiritualidade para os jovens através de momentos de retiro. Apesar de em algumas paróquias houve o despertar para tal, eis ainda um grande desafio.

Outro elemento que desejamos aprofundar é o jeito missionário de nossos grupos. Já alguns grupos despertam para esse sair de si e ir ao encontro do outro. Ainda existem muitas comunidades, rurais e periferias, onde poderiam existir atividades. Mas a preocupação primeira de nossos grupos ainda se concentra na sobrivivência de seu grupo.



IV) Eixo de articulação



Desde 2007 estamos em busca de um modelo de organização diocesana, que seja afetivo (presença calorosa na vida dos grupos), efetivo (presença que dá suporte e segurança aos grupos) e tenha a flexibilidade que a vida e realidade dos jovens de hoje exige.

Optamos primeiramente em criar uma equipe de curso. Ela funcionou de 2007 a 2008. Esta organizou os encontros diocesanos e foi fonte de referência. Nesse sentido, a secretaria estava ligada aos encontros.

Depois concretizamos aos poucos o sonho de uma equipe de assessoria.

Em 2009 iniciamos trabalhos de rearticulação das foranias. O projeto consta que em cada uma delas tenha um coordenador. Estes são também os coordenadores diocesanos.

Até então, a equipe de assessoria amarrava as pontas da articulação entre os quatro coordenadores. Mas e o protagonismo juvenil? Afinal de contas, quem representa a PJ junta a outros organismos? Como devolver o verdadeiro lugar à assessoria? Ou seja, seu papel de provocadora e parceira das atividades? Por isso, a partir desse ano, começamos um processo de maior desenvolvimento da secretaria. O jovem ocupante desse cargo tem como função fazer a articulação entre os coordenadores forânicos, grupos e demais membros da equipe.

Conseguimos também um espaço, modesto e pequeno é verdade, mas que nos ajuda muito, pois podemos concentrar todo nosso material nele, facilitando a logística de nossos trabalhos. A sala da PJ foi, além do seu valor no trabalho de articulação, um reconhecimento de nossos trabalhos e um gesto de carinho da Diocese de Oliveira para com a PJ.

Podemos dizer que nossa maneira de organização e deliberação mudou e foi bem flexível ao longo dos anos. Agora estamos em busca de um modelo que atenda às necessidades desse novo tempo. O Projeto PJ iniciado em 2007 foi sendo elaborado de maneira artesanal e prática. Não podemos perder esse caminho. Mas também, precisamos valorizar mais o protagonismo juvenil e a força dos grupos nas decisões. Não queremos negar o papel e tradição das assembléias diocesanas. Em algum outro momento podemos até planejar uma. Mas vimos que podemos adotar um outro sistema de decisão mais prático e participativo: o sistema de Ampliada.

Crescemos muito na comunicação e acompanhamento. Isso se percebe pelo site, blogs, e-mails, textos e reflexões produzidas.

Fortalecemos nossa ligação com o regional. Temos um representante que também é tesoureiro e em no final de 2009 nosso assessor padre foi convocado a prestar assessoria nas PJs do regional.

Também começamos a abrir espaço para o trabalho conjunto com outras pastorais e serviços. Exemplo: Oficinas de Oração e Vida. Um grande diálogo, às vezes tenso, às vezes tranqüilo se travou com o EJC e EAC.

Também a articulação com o clero, podemos dizer que se não é perfeita, melhorou. Temos apoio da maioria dos padres. Um fato concreto é confiança adquirida no trabalho com a liberação de recursos financeiros para a participação nos encontros e realização de atividades pelos grupos.

Beneficiamos-nos muito com a presença e atuação de seminaristas em nossas atividades. Temos certeza que sua ajuda é sempre benéfica, mas que também contribuímos com sua formação.



V) Fechando para abrir...



Ultimamente temos feito a revisão de todo esse caminho percorrido. Enfrentamos várias diversidades: clericalismo, falta de recursos, de capacitação, a realidade juvenil “flutuante”, a falta de confiança e a desconfiança em relação a PJ; enfim, foram muitos.

Mas decidimos enveredar pelas trilhas apaixonantes desse trabalho. Investimos para isso tempo e todos os recursos que tínhamos. A oração foi ponto importante: pedindo ao Senhor da Messe que enviasse operários. E o pouco e simples se multiplicou.

Através de pesquisas, conversas, estudos, procuramos entender melhor o rosto dos jovens com quem estávamos trabalhando. Aos poucos fomos percebendo oportunidades, lacunas e desafios de nosso trabalho. Decidimos apostar em nosso sonho e fazer com que o trabalho fincasse raízes: despertar em todos, o olhar e abertura de coração para a juventude.

Nesse tempo também revisitamos a nossa história e procuramos aprender com os nossos pioneiros e desbravadores. Muitos deles nos ajudaram com sua assessoria nas atividades ou oportunos conselhos em momentos de decisão. Procuramos também resgatar alguns importantes indicativos do trabalho realizado ao longo dos 25 anos de história.

Criamos também o “Diário da PJ” onde são relatadas todas as atividades dos grupos, foranias e diocese. Ele é fonte de avaliação e lugar de fazermos memória das flores colhidas. Chegamos a nos identificar com a nossa bandeira, símbolo na nossa missão e comunhão.

Hoje temos muitos protagonistas-operários. Os jovens conquistaram seu espaço e respeito dentro da maioria das comunidades. O número de grupos cresceu e são pontos a brilhar para muitos outros jovens que ainda estão caminhando sem direção.

Enfim, nos organizamos e suamos a camisa para colher os frutos. Mas também soubemos aproveitar oportunidades e recursos. Como bons surfistas, ficamos com olhar atento para sabermos a hora certa de pegar a melhor onda e, de carona, chegar onde nos propomos.

Para chegar até aqui, tivemos que abrir mão da vaidade e, como diz o nosso Bispo, “descer do cupim”. A humildade nos leva a reconhecer que nem tudo foram flores, nem tudo deu certo e um longo caminho nos espera. Mas sabemos que entre ânimos e desânimos o Senhor nos alimenta e nos motiva a voltar sempre à luta depois de passarmos pela experiência de sua brisa refrescante e impulsionadora. E Maria, a jovem mulher da esperança, a Senhora de Oliveira foi parceira e inspiradora nesse caminho.

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